domingo, 3 de dezembro de 2017

Pressão familiar

Fala galera? Belezera?


Andei dando uma geral aqui no blog, mudei algumas coisas pois estou começando uma nova fase.

Hoje eu quero falar sobre um assunto que eu não havia experimentado desde quando comecei a jogar poker, mas que muitos jogadores sofrem. A pressão familiar.

Desde quando comecei a levar o poker mais a sério, em 2016 (ano passado), minha esposa ficou bem receosa no início, mas não se opôs a minha decisão e me deu muito apoio pra continuar em frente. Tivemos nossa filha também no ano passado, e ela se comprometeu a me deixar com mais tempo livre para jogar e estudar, não foi fácil pra ela, ela ficou muito sobrecarregada, mas sou muito grato a ela por isso, e eu jogo pra um dia compensar esse apoio que ela me dá e todo o esforço dela pra me entender.

Quando 2017 iniciou, eu fiz um planejamento pra continuar a progredir no poker, e estava indo muito bem até meados de maio. Em maio, tive um problema com um dos planos, que era terminar minha casa e mudar, pois ainda morava de aluguel, mas não foi possível pois não recebi uma parte da distribuição de lucros da empresa que trabalho, mas isto não vem ao mérito. Com muitas dívidas da construção, precisamos mudar para a casa da minha mãe por alguns meses (sim, ainda estou aqui), e aí comecei a sentir um tipo de pressão que ainda não havia sentido.

Nas primeiras semanas as coisas foram muito bem, mas aí minha mãe começou a me pressionar de várias formas para eu parar de jogar, inclusive conversando muito com a minha esposa e outros familiares para me convencerem a parar. Pra piorar a situação, uma novela maldita da Globo estava passando (rsrsrsrs), mostrando uma personagem compulsiva por jogos e principalmente por poker. Isso caiu como uma bomba, minha mãe que não é acostumada a acompanhar novela estava acompanhando por causa dessa personagem, e repetidamente me contava o que acontecia com ela e insistindo que aconteceria o mesmo comigo em cada canto da casa onde me encontrava.
Nessa mesma onda, vários outros familiares vieram falar comigo, dizendo que eu ia acabar com a minha vida e com a minha família dedicando tanto tempo a um "jogo de azar", que eu iria gastar todo meu dinheiro e ficar viciado no jogo.
Pois bem, após o coach do Step, resolvi começar jogando Cash Games, pra melhorar a minha relação de tempo, pois podia fazer sessões "picadas", o que não é possível jogando torneios, já que eles só tem pausas a cada 55 minutos jogados. Gostei muito do estilo de jogo, principalmente por poder parar o jogo e ir jantar por exemplo, ou pegar minha filha no colo, buscar minha esposa no trabalho, enfim, melhorou N coisas na minha qualidade de vida. Porém em junho, tive a oportunidade de ingressar no time micro do Step, experiência única, e resolvi dar call na parada. Foram 3 meses de dedicação total, realmente mergulhei no jogo. Teve dia que joguei 20 horas seguidas!
A pressão ficou ainda mais forte, pois não conseguia ficar muito tempo com a minha filha, e nesse meio tempo minha esposa ficou grávida novamente, e todos insistiam que agora com dois filhos eu deveria focar no meu emprego (pra piorar a situação, eu tenho um emprego "estável" e "seguro" como todos acham), e não gastar energia e tempo correndo atrás de um sonho que não é possível de realizar, pois todos acham que jogadores lucrativos tem "sorte" para ganhar dinheiro no poker, mal sabem eles...rsrsrsrs

A pressão que exerceram em mim acabou me pegando, fiquei muito perdido do meio do ano pra cá, no meu planejamento, buscando insistentemente resultados bons pra mostrar a todos o que realmente eu queria e o quão é possível alcançar isso, a ansiedade me pegou, acabei saindo do time e voltando ao meu projeto de BR inicial.

Voltei a jogar bastante SNG's 180p regular (eles demoram certa de 4 horas e meia pra terminar), o que começou a tomar bastante meu tempo novamente. Isso acarretou da minha mãe começar a me pressionar novamente, e já que não a ouço, ela começou a falar para minha esposa tudo o que ela queria me falar e eu não escutava, foi aí que senti que comecei a perder o apoio da minha esposa, discussões por causa do poker se tornaram mais intensas e frequentes, a coisa ficou bem séria, pensei muito em realmente parar de jogar, e pra piorar sofri uma downswing bem grande nesse período. Nunca me senti tão mal desde que comecei a jogar, sentia como se jogando estivesse fazendo algo de errado, pois não estava ajudando minha esposa nas tarefas de casa e com a minha filha, usando todo meu tempo pra arriscar uma nova carreira.
Acho que sofrer esse tipo de pressão da família é pior que tomar várias bad beats em seguida, pior que todos os downswings que já tive. É muito ruim ser tratado pelas pessoas que eu amo como vagabundo que não dá a mínima pra esposa e pra filha pra gastar o tempo jogando. Poxa, eu levo o poker como profissão, já me pagou contas e estou na fase de montar minha empresa no poker. É muito difícil lidar com a pressão psicológica que o jogo já traz e com a pressão familiar ao mesmo tempo.
Após esse período decidi novamente voltar ao cash game no início de novembro. Acabei tendo o meu melhor mês jogando poker, não só pelo resultado que foi muito bom (fiz um winrate de 15bb/100 no NL5 em 30k mãos), mas por ter conseguido ficar bastante tempo com a minha filha e com minha esposa, minha qualidade de vida aumentou, e também parei de perder os domingos.
Assim, comecei a tecer meus planos pra 2018 no cash game e pra me profissionalizar em 2019, mas isto eu irei contar no meu próximo post.

E aí galera? Você que leu este post, já sofreu com pressão da família por jogar poker? Conta aí nos comentários o que aconteceu, como você convive com isso e como faz pra contornar esse problema.

Se inscreve também pra receber as novidades do blog, é só preencher a caixa "Quero ficar sabendo das novidades..." no canto superior direito do blog ou clicar aqui.

Aproveitem também pra curtir minha página no Facebook (clica aqui!)

Abraços naipados e até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário